Circuito RPPN no Santuário do Caraça, em Minas Gerais

Santuário do Caraça, Minas Gerais

“Só o Santuário do Caraça vale toda a viagem a Minas Gerais!”

Acredite: Essa frase atribuída a Dom Pedro II está afixada nos corredores do Santuário do Caraça! Mesmo morando na cidade de Belo Horizonte há cerca de 30 anos, somente por estes dias é que tive a oportunidade única de visitar e conhecer um pouco do Santuário do Caraça.

PASMEM!! A primeira notícia que envolve o Caraça é datado de 1708, quando aparece em um mapa da Província de Minas. Em 1716, num registro histórico, aparece o “Arraial do Inficionado do Caraça”. E mais: Vestígios na região do “Tanque Grande” e dos “Pinheiros” apontam para a existência de antigos garimpos, provavelmente do século XVIII.

O Santuário do Caraça é uma Unidade de Conservação de âmbito federal desde 1994, possui cerca 11.233 hectares de área total, sendo 10.187,89 hectares como área de preservação, com o intuito de preservar esse belíssimo patrimônio natural e contribuir para a melhoria da qualidade de vida do mundo para as gerações presentes e futuras.

E a oportunidade de conhecer o mínimo que seja deste paraíso não poderia ser de maneira mais agradável: através de mais um Hiking promovido pelos nossos amigos da Ecopix – Hiking e Trekking, num dia inteiro de visita ao espetacular e lindo Santuário do Caraça.

Vale destacar um detalhe importante: a caminhada foi a primeira das diversas “Trilhas Sociais” que serão promovidas pela equipe ECOPIX, que destinará uma pequena do dinheiro arrecadado com o Hiking para doação e ajuda à instituições que diariamente contribuem para um mundo melhor!

Especificamente para o hiking deste post, a instituição escolhida foi a Assaumex – Associação dos Amigos e Usuários de Medicamentos Excepcionais

Excelente iniciativa!

COMO CHEGAR:

Como de costume, a atividade teve início com chamada às 6hs no Terminal JK, no centro de Belo Horizonte, e embarque sem atrasos às 06:30hs.

O trajeto é muito fácil e sem erros: basta pegar a BR 381 sentido Vitória-ES até o trevo para Barão de Cocais – Santa Bárbara – Caraça. Logo após, siga pela MG 436 via Barão de Cocais, sem esquecer que antes da cidade de Santa Bárbara, basta virar à direita para o Caraça. Como já é rotina neste tipo de hiking, parada obrigatória para um café reforçado no restaurante “Amigão”, localizado cerca de 80 Km de BH.

Para acessar o Santuário do Caraça, é necessário o pagamento de uma taxa de R$ 10,00 pelos visitantes nos dias de semana e R$ 15,00 nos finais de semana e feriados, com preços diferenciados para moradores da região, ciclistas e idosos. Para saber a tabela completa de preços, bem como normas específicas de visitação, mapas de acesso, trilhas e guias credenciados, clique AQUI.

Mapa do Circuito RPN, no Santuário do Caraça
Mapa do Circuito RPN, no Santuário do Caraça (Foto: Roger Pixixo – Ecopix)

Sedentos por novas aventuras, finalmente chegamos ao núcleo histórico do Santuário do Caraça, nosso ponto de apoio para início do Hiking, e que é composto por um centro de informações turísticas, uma cafeteria, loja de souvenirs, a belíssima e primeira Igreja neogótica do Brasil, que liga as duas alas laterais do antigo prédio de dois andares, em estilo barroco, as ruínas do antigo Colégio e da Escola Apostólica ou Seminário, além de diversas construções como a Casa Santa Helena, Casa das Sampaias e demais dependências de serviços oferecidos no local. Somente essa parte do passeio já vale o dia!!

Diz a lenda que a Igreja, localizada no meio da reserva natural de 11 mil hectares, é procurada todas as noites por lobos-guarás, que são alimentados pelas mãos dos padres. Mais um motivo para uma visita ao Santuário!

A programação do Hiking, além dos principais pontos turísticos, contemplou uma caminhada de aproximadamente 16 km, sendo que apesar da avaliação do nível de dificuldade ser muito subjetivo, pois depende do preparo físico e experiência de cada participante, é considerado fácil tanto para Hikers experientes quanto iniciantes.

Abaixo compartilhamos as principais recomendações para os praticantes do Hiking, sempre divulgados pela excepcional equipe da ECOPIX:

O QUE LEVAR:

PARA CAMINHAR:
– Uma camiseta de secagem rápida do tipo Dry-Fit própria para a prática de caminhada,
– Uma calça de poliamida, tactel ou semelhante, que são
transpiráveis;
– Roupa de banho;
– Tênis ou Bota amaciada e próprios para a prática de caminhada, sobretudo em terremos acidentados;
– Óculos escuros;
– Chapéu ou Boné;
– Mochila;
– Um par de bastões de caminhada – equilíbrio, estabilidade, reduz impacto nas articulações e o sobrepeso dos membros inferiores – uma unidade já ajuda (opcional).

CONSIDERAÇÕES:
1) Evite qualquer roupa de ALGODÃO para a caminhada. O algodão retém muita água e demora em secar.
2) Não é aconselhável caminhar de bermuda, pois a vegetação pode machucar as canelas.

ALIMENTAÇÃO (SUGESTÕES PARA LANCHES DE TRILHA):
– Água: recipientes suficientes para 1,5L à 2L;
– Sanduíche natural;
– Bisnaguinha;
– Bolo;
– Frutas;
– Castanhas e frutas desidratadas;
– Bolacha/biscoito/wafer;
– Barra de Cereal;
– Rapadura/torrone;
– Isotônico ou carboidrato em gel.

OUTROS:
– Máquina fotográfica – indispensável;
– Pilhas sobressalentes;
– Capa de chuva;
– Protetor solar corporal e labial;
– Kit pessoal primeiros socorros;
– Material de higiene pessoal;
– Sacolinhas plásticas sobressalentes para trazer o lixo.

Aproveitamos para compartilhar a relação de trilhas do Santuário do Caraça, cerca de 40 atrativos, divididos em 2 grupos: obrigatoriedade e sem necessidade de guia. Acesse AQUI.

Circuito RPN do Santuário do Caraça
Nosso Guia Roger Pixixo durante o Circuito RPPN do Santuário do Caraça

A caminhada pelo Santuário do Caraça não é apenas um Hiking: trata-se de um verdadeiro passeio por um belíssimo lugar repleto de história e muita natureza, com uma aura de sossego e paz incríveis, com mirantes, cachoeiras e lindas paisagens, ideal para esquecer a loucura e o stress do dia a dia.

Circuito RPN no Santuário do Caraça, Minas Gerais
Circuito RPN no Santuário do Caraça, Minas Gerais

Apenas 2 Km após o início do Hiking, primeiro “pit stop” obrigatório: A Cascatinha, formada por 4 quedas d’água e 4 piscinas naturais, com seus 40 metros e suas águas que nascem acima das quedas, de onde vêm saltando pela encosta.

Momentos de puro deleite, para apreciar suas águas, puras e espumantes, que possuem coloração amarelada e que aumenta de intensidade no tempo das chuvas, em razão das matérias orgânicas que descem da Serra.

Maravilha!

Cascatinha, no Santuário do Caraça, em Minas Gerais
Cascatinha, no Santuário do Caraça, em Minas Gerais

Após a primeira parada, continuamos sempre em direção à garganta do Gigante, que está de perfil e deitado na Serra do Espinhaço, bem ao meu lado na foto, passando também pela Pedra da Paciência, um belíssimo afloramento rochoso, e descendo até sua base, sempre seguindo as setas indicativas, pintadas na rocha, até finalmente chegarmos até a Bocaina.

Conta-se que foi este formato na Serra do Espinhaço que deu nome ao local.

"Caraça" visto da Pedra da Paciência, no Santuário do Caraça
“Caraça” visto da Pedra da Paciência, no Santuário do Caraça

Próxima parada: Bocaina, que encontra-se entre o “Pico do Inficionado” e a “Caraça”.

Trata-se de um desfiladeiro enorme e que propriamente dá o nome de Caraça ao santuário. Em tupi-guarani, caraça é desfiladeiro ou, como hoje dizemos, bocaina, uma grande depressão no meio de uma serra.

Momentos para refrescar nas suas límpidas águas, tirar muitas fotos, e, claro, para apreciar e gravar na memória para sempre!

Durante o Hiking, mantenha sempre o nariz, olhos e ouvidos atentos, pois o Caraça possui mais de 1.400 espécies de plantas, como carqueja, alecrim, erva-cidreira, angico, cedro, peroba, canela e jacarandá, além de 205 tipos de orquídeas e mais de 132 variedades de abelhas.

Quer mais? De aves, são cerca de 339 espécies, sendo 71 endêmicas da Mata Atlântica, quatro do Cerrado e quatro dos topos de montanha do Sudeste do Brasil.

Bocaina, no Santuário do Caraça, em Minas Gerais
Bocaina, no Santuário do Caraça, em Minas Gerais

Outro ponto de destaque do Hiking: Prainha, em que o Ribeirão Caraça passa tranquilamente, com suas margens com finíssima areia, plano e inclusive muito apropriado para crianças, pois as águas são rasas e tranquilas. Após um dia de intensa caminhada, ideal para alguns minutos de descanso e calmaria.

Prainha no Santuário do Caraça, Minas Gerais
Prainha no Santuário do Caraça, Minas Gerais

Já próximo ao Santuário, na parte final do Hiking, parada no “Tanque Grande“, que possui este nome por existir um outro menor, o de São Luís, que é um dos pontos mais procurados pelos turistas. É um lago tranquilo, rodeado de lindos bosques, e sua água é sempre da cor do céu, lugar ideal para agradecermos aos Deuses pelo excepcional dia e a oportunidade de caminhar por lugares tão belos.

Tanque Grande, no Santuário do Caraça, Minas Gerais
Tanque Grande, no Santuário do Caraça, Minas Gerais

Após cerca de 8 horas de caminhada, retornamos ao Núcleo Histórico do Santuário, onde aproveitamos o tempo restante para uma verdadeira aula de história e informações imprescindíveis aos visitantes, como sua fundação pelo lendário português Irmão Lourenço de Nossa Senhora, ou a inauguração do Colégio Do Caraça pelos padres em 1820, ou ainda o fato que mudou a história do lugar: após 148 anos dedicados à educação e à formação, no dia 28 de maio de 1968, um incêndio atingiu várias dependências da casa, colocando fim às atividades do célebre colégio.

Chegada no Santuário do Caraça, em Minas Gerais
Chegada no Santuário do Caraça, em Minas Gerais

Aos que desejam passar um final de semana no Santuário, algumas informações relevantes: a estrutura oferece uma sala de TV, jogos, internet e “Cantinho da Criança”, tudo disponível para o nosso entretenimento.

O Santuário também possui uma cantina que funciona no horário de 8h às 17h, uma lojinha ao lado da lanchonete (preços acessíveis), e lembrando que a diária é de 14h até às 12 h do dia seguinte e o pacote inclui dois almoços, um jantar e um café da manhã.

Para mais informações e reservas, clique AQUI.

Santuário do Caraça, em Minas Gerais
Santuário do Caraça, em Minas Gerais

Curiosidade sobre o nome “Caraça”. São duas “teorias” mais aceitas, de acordo com o próprio site do Santuário:

1. Caraça seria o formato de um rosto humano na Serra do Espinhaço: é explicação corrente no tempo do Colégio e comentada por Dom Pedro II, em seu diário (11-13 de abril de 1881). O que pesa contra esta explicação é o fato do Caraça ter sido sempre citado no masculino e nunca no feminino (Serra da Caraça), como deveria ser já que caraça, compreendido como cara grande é palavra feminina.

2. Caraça seria o grande desfiladeiro existente na Serra do Espinhaço nesta região: explicação dada por Auguste de Saint-Hilaire (1816) e acolhida por José Ferreira Carrato, em sua tese de doutorado sobre o Caraça (As Minas Gerais e os Primórdios do Caraça), publicada em 1963. Caraça, em tupi-guarani, significa desfiladeiro ou bocaina, como hoje é chamado o portentoso vale entre os Picos do Sol e do Inficionado.

Belezas do Santuário do Caraça, em Minas Gerais
Belezas do Santuário do Caraça, em Minas Gerais

O santuário possui 3 museus, também indispensáveis para os visitantes, todos montados a partir das peças de mobiliário e artefatos diversos pertencentes ao próprio Caraça, alguns remanescentes de séculos passados, com visitas guiadas, ou se preferir, uma viagem ao passado por conta própria.

Santuário do Caraça, Minas Gerais
Santuário do Caraça, Minas Gerais

Para encerrar as atividades do dia, uma rápida visita à Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, onde ocorre uma missa todos os dias, construído sem mão de obra escrava e todo com material regional: pedra-sabão retirada de perto da Cascatona, mármore das proximidades de Mariana e Itabirito e quartzito da Gruta do Centenário.

Santuário Nossa Senhora dos Homens, no Santuário do Caraça
Santuário Nossa Senhora dos Homens, no Santuário do Caraça

Após um delicioso café na lanchonete do Santuário, hora de voltar para casa, com direito a parada obrigatória mais uma vez no restaurante AMIGÃO para a degustação de caldos e o inconfundível angú a baiana, e retorno ao terminal JK, com a certeza do dever cumprido e do retorno garantido para os próximos meses.

Até a próxima!!

Veja outros Hikings em Minas Gerais:

Hiking na Serra do Cipó (Alto Palácio, Vale do Travessão, Duas Pontes)

Hiking na Serra do Cipó, em Minas Gerais

Dia de compartilhar mais um Hiking fantástico que tivemos o prazer de participar: Travessia Alto Palácio x Duas Pontes, via Vale do Travessão e cachoeira dos Espelhos, no famoso e belíssimo Parque Nacional da Serra do Cipó. E o mais bacana: foi um Hiking de última hora, organizado pelos nossos queridos amigos da “EcoPix – Trekking & Hiking” (para saber mais, clique AQUI), a pedido dos próprios “Hikers”, pois afinal de contas, era feriado e estávamos sedentos para fugir do lugar comum.

Como de costume, chamada às 6hs em frente ao Edifício JK, no Barro Preto, embarque sem atraso às 6:30hs para a primeira parada cerca de 40 km depois, já na cidade de Lagoa Santa para o indispensável café da manhã, lembrando que estamos falando de 20 km de caminhada ao longo de 8 horas.

Abaixo um pequeno resumo da atividade:

Mapa da trilha Alto Palácio x Duas Pontes, via Wikiloc

Após o café da manhã reforçado, mais 75 km, ou cerca de 1 hora e 20 minutos depois até o nosso ponto de partida: A sede “Alto do Palácio“, situada na rodovia MG 010, Km 121, à margem direita da rodovia no sentido da cidade de Conceição do Mato Dentro, um pouco a frente e do lado oposto à famosa estátua do Juquinha, ponto turístico muito conhecido no local.

Pesquisei na internet e descobri que Juquinha era um eremita que habitava os grotões da região e encarnava o espírito de liberdade e natureza. Hiking também é história!!

Fato interessante: O Alto Palácio foi a primeira infraestrutura edificada no Parque Nacional da Serra do Cipó. Funcionou como sua sede administrativa durante os seus primeiros anos e foi inaugurada em 27 de setembro de 1984, praticamente na mesma data do decreto de criação da unidade (25 de setembro de 1984).

Impressionante a mudança climática durante o deslocamento, pois saímos de Belo Horizonte com a temperatura na faixa dos 22 graus e céu limpo, e chegamos no Alto Palácio com a temperatura em incríveis 14 graus e neblina forte. A aventura estava apenas começando…

Alto Palácio, Parque Nacional da Serra do Cipó.

Após o acerto dos últimos detalhes e pausa obrigatória para muitas fotos, hora de iniciarmos o nosso Hiking, considerado pela equipe como “Fácil” para hikers mais experientes e “Moderado” a “Difícil” para iniciantes, ou seja, de nível 3 em intensidade física e 2 em relação à dificuldade técnica numa escala de 0 a 5, lembrando que a avaliação sempre é muito subjetiva, pois depende do preparo físico e experiência de cada participante.

A primeira parte do percurso possuía distância de cerca de 8,5 km entre o ponto de partida no “Alto Palácio” até o magnífico Vale do Travessão em aproximadamente 2,5 a 3 horas em ritmo moderado. E os primeiros 50 minutos da caminhada foram um deleite a parte: um frio agradável e muita neblina, sendo que após a primeira subida você perde qualquer contato a civilização, ficando tudo restrito ao vento e aos sons das montanhas, um verdadeiro mergulho naquelas belas matas baixas de campos rupestres e flores selvagens.

Momentos únicos de paz, reflexão e para apreciar as lindas paisagens, sem moderação!

Hiking no Parque Nacional da Serra do Cipó

A trilha é muito bem demarcada, com morros de pequena inclinação, e após os primeiros 20 minutos, o corpo já está aquecido e ávido por novos desafios. É fácil constatar durante o trajeto os afloramentos de quartzito na vegetação rasteira de campos rupestres, uma paisagem que domina quase toda caminhada.

Uma hora depois e a neblina simplesmente desaparece, dando lugar a um belo céu azul com algumas nuvens, e a temperatura inicial de 14 graus sobe repentinamente para 21, obrigando os “prevenidos” a guardar a jaqueta de frio. O primeiro mirante surge ao final de seis quilômetros, oportunidade para apreciar os lindos vales distantes e os inúmeros riachos, sem esquecer, é claro, dos jardins de sempre-vivas, companheiras constantes durante boa parte da caminhada.

Jardim de Sempre-Vivas no Parque Nacional da Serra do Cipó

Mais 2 km, e após subidas e descidas íngremes, o ponto alto do nosso Hiking: o “Vale do Travessão”, localizado a 1.052 metros de altitude e um visual simplesmente fantástico.

Trata-se de um impressionante penhasco que rasga a Serra do Espinhaço em um enorme “fenda”, que é o divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios São Francisco. Numa rápida pesquisa na internet, constata-se que alguns “malucos” às vezes se arriscam na descida, onde a inclinação pode chegar a 80 graus, usando, claro, corda e equipamento de rapel, em local onde qualquer acidente pode ser fatal.

Como nosso hiking passa longe de qualquer perigo, aproveitamos a parada para admirar a paisagem, degustar um delicioso lanche, e claro, tirar muitas e muitas fotos, em uma paisagem de cair o queixo!

Vale do Travessão, Parque Nacional da Serra do Cipó

Após o “pit stop”, a segunda parte do trajeto: caminhada de cerca de 10km do Vale do Travessão até Duas Pontes, tudo em cerca de 3 horas. Os primeiros 40 minutos foram os mais desgastantes de todo hiking: subidas bem puxadas, forte calor e o consequente desgaste de mais de 3 horas de caminhada. Mas a recompensa vale a pena: a belíssima Cachoeira dos Espelhos.

Cachoeira dos Espelhos, Parque Nacional da Serra do Cipó

Com as forças renovadas, reiniciamos a caminhada para o último trecho de cerca de 2 horas, passando por um jardim de samambaias selvagens, e depois, a última hora talvez a mais prazerosa de toda atividade: temperatura extremamente agradável já no fim do dia, trilha com pouquíssimos obstáculos e um pôr-do-sol de tirar o fôlego!!

Ao final das atividades, com a certeza do dever cumprido, parada para a tradicional resenha, com direito a macarronada, PF (Prato feito), omelete e muitas histórias para contar!

Próximo Hiking: Santuário do Caraça!!

Pôr-do-sol no Parque Nacional da Serra do Cipó

Veja o nosso vídeo do Hiking no Parque Nacional da Serra do Cipó, e aproveite para se inscrever em nosso canal:

 

Hiking realizado com o Ecopix Trekking e Hiking

Valor: R$ 80,00 por pessoa.

Veja outro Hiking que realizamos no Parque Nacional da Serra do Cipó, AQUI.

Hiking na Serra do Cipó (Cachoeira Braúnas)

Hoje. vamos compartilhar uma das atividades que mais gostamos de praticar: Hiking, mais especificamente no Parque Nacional Serra do Cipó, na minha opinião, a melhor maneira de mantermos contato com a natureza, seja através de uma caminhada por trilhas naturais, parques, reservas ou bosques, além, é claro, dos benefícios da prática de atividade física e da “fuga” do stress do dia-a-dia.

O programa do dia era ao mesmo tempo excitante e desafiador: caminhada de 24 km (12 km ida e 12 km volta), pelo Parque Nacional da Serra do Cipó, com destino à famosa Cachoeira Braúnas, considerada uma das mais belas de Minas Gerais e também pelo longo e difícil acesso.

Hiking para a Cachoeira Braúnas, Parque Nacional Serra do Cipó, em Minas Gerais

Decidimos fazer o passeio pela empresa EcoPix – Trekking & Hiking, de Belo Horizonte, muito organizada, sob o comando de Roger Pixixo, muito experiente e profissional, que promove roteiros muito bem planejados e claro, com garantia de segurança.

As atividades tiveram início logo cedo num belíssimo sábado: 4 horas da manhã de pé, às 5 horas no Complexo Turístico JK, localizado no centro da cidade de Belo Horizonte, e “pé na estrada” rumo ao distrito de Altamira, pertencente à cidade de Nova União, localizado a cerca de 84 Km de Bh, numa rápida parada técnica para o café e organização dos últimos detalhes.

Localização:

Uma hora e quinze minutos depois, chegamos ao ponto de início do Hiking na Serra do Cipó, praticamente na entrada do Parque Nacional da Serra do Cipó, onde o nosso amigo-guia “Pix” nos repassou todas informações sobre a aventura que teria início.

Sempre é importante relembrar alguns cuidados a serem tomados pelos praticantes de Trekking, aos quais seguimos à risca:

Para Caminhar:

  • Usar sempre camiseta de secagem rápida tipo Dry-Fit, imprescindível principalmente para dias muito quentes;
  • Usar calça de poliamida, tactel ou semelhante, que são transpiráveis, também imprescindível (de preferência em cores mais escuras, por que suja bastante nos Trekking e Hiking);
  • Roupa de banho, afinal de contas, o prêmio após 12 km de caminhada seria uma belíssima cachoeira;
  • Tênis ou Bota amaciada, principalmente se a atividade for realizada em terremos acidentados;
  • Óculos escuros;
  • Chapéu ou Boné;
  • Mochila;
  • Apesar de ser sugerido um par de bastões de caminhada para garantir equilíbrio e estabilidade, reduzindo inclusive o impacto nas articulações e o sobrepeso dos membros inferiores, sentimos mais segurança e conforto com apenas um bastão;
  • Protetor solar, repelente e protetor labial.

Para alimentação e hidratação, é de extrema importância os itens abaixo, afinal de contas, seriam 24 km ou 8 horas de caminhada:

  • Água: recipientes suficientes para pelo menos 1 litro de água (neste hiking na Serra do Cipó, existem dois pontos de água potável. Entretanto, essencial o uso de Clorin na água, já que existe gados e outros animais na região, que podem contaminar a água com protozoários);
  • Sanduíches, bolos ou pães;
  • Frutas;
  • Castanhas e frutas desidratadas;
  • Biscoitos;
  • Barra de Cereal/Proteína;
  • Isotônico ou carboidrato em gel.
Parque Nacional Serra do Cipó

Outros itens indispensáveis para a caminhada:

  • Máquina fotográfica, claro!!
  • Lanterna e capa de chuva;
  • Kit pessoal primeiros socorros;
  • Material de higiene pessoal;
  • Sacolinhas plásticas para trazer o lixo produzido.
Prontos para o início do hiking na Serra do Cipó

A caminhada teve início às 9:00hs em ponto, com a previsão de chegada na Cachoeira Braúnas por volta das 13:00hs.

Para os marinheiros de primeira viagem, os primeiros 40 minutos são o primeiro desafio, pois trata-se de uma subida razoavelmente íngreme, mas com paisagens incríveis, lembrando que o nível de dificuldade é sempre muito subjetivo, pois depende do preparo físico e experiência de cada participante. Mas mesmo assim é importante dizer que esta trilha é considerada uma das mais difíceis do Estado.

Uma palavra resume bem o Parque Nacional da Serra do Cipó: Diversidade. Através de uma rápida pesquisa, é impressionante constatar que sua história tem início a 1.700 milhões de anos, onde é possível visualizar uma variedade infindável de rochas-calcárias, quartzitos, granitos e variedades de solos.

O relevo acidentado em alguns pontos do hiking foi um fator dificultador.

Durante a trilha, é possível também constatar que o Parque Nacional Serra do Cipó possui uma das floras mais diversas do planeta, com mais de 1700 espécies já registradas, sendo que vimos muitas Sempre-Vivas, ao longo do caminho, além de outras plantas belíssimas e outras de uso medicinal.

Após os primeiros 40 minutos de caminhada forte, parada para recuperar o fôlego, admirar as paisagens e tirar muitas fotos.

Após a placa do governo federal, importante ponto de referência da trilha, tem início uma nova fase da caminhada, com o terreno já mais plano, onde é possível admirar no horizonte a belíssima Cordilheira (ou Serra?) do Espinhaço, e inclusive visualizar outras trilhas e caminhos, como o Vale das Bandeirinhas.

“A serra do Espinhaço é uma cadeia montanhosa localizada no planalto Atlântico, estendendo-se pelos estados de Minas Gerais e Bahia. Seus terrenos são do Proterozoico e contêm jazidas de ferro, manganês, bauxita e ouro. Foi ao longo da serra do Espinhaço que a mineração, no período colonial se deu, principalmente.” (Wikipedia)

Antes da primeira parada, cerca de 1 hora de caminhada, nosso primeiro ponto com água potável para encher os recipientes. Outra dica: não esqueça de levar o “clorin”, ótimo para purificar a água de corredeiras e riachos, pois mata todos os protozoários e torna a água ideal para consumo.

Para admirar e tirar muitas fotos!!

Muitas Sempre-vivas ao longo do hiking na Serra do Cipó

Mesmo morando em Belo Horizonte há 30 anos, tão perto de lugares fantásticos como este, apenas durante a caminhada que tomei conhecimento que a Serra do Espinhaço (ou Cordilheira?) tem origem devido a um alemão, o geólogo “Ludwig von Eschwege”, que batizou o lugar com este nome numa referência explícita a sua pequena variação longitudinal na forma de uma espinha, numa linha quase reta, apontando Norte-Sul, Minas-Bahia, Ouro Branco-Xique-xique, com seus mais de 1000 km de características semelhantes e ao mesmo tempo singulares.

E o mais incrível: A “Cordilheira” ou “Serra do Espinhaço” é conhecida por alguns de seus trechos popularmente conhecidos, como a Serra do Cipó, Chapada Diamantina, Serra dos Cristais, Serra de Ouro Branco, Serra Geral e tantos outros.

Uma verdadeira aula de história, belezas naturais, e, claro, Educação Física!!

Hiking Serra do Cipó até a Cachoeira de Braúnas

Uma hora e meia de caminhada depois, “pit stop” para hidratação, lanche e recarregar as energias, ao lado de uma das dezenas de belas corredeiras que nos fizeram companhia durante o trajeto. Dali é possível visualizar um pequeno riacho que abastece alguns pontos próximos da região.

Parada para o lanche durante o hiking na Serra do Cipó
Pausa para descanso no hiking na Serra do Cipó

Cerca de 20 minutos de descanso depois, hora de voltar ao batente, para mais 1 hora e 30 minutos de caminhada até o paraíso. Abaixo alguns vídeos que resumem bem a nossa atividade:

 

 

Continuando o trekking na Serra do Cipó com destino à Cachoeiras Braúnas.

Tivemos sorte, pois o céu estava limpo, às vezes nublado, no entanto com temperatura agradável, não sendo um empecilho para o hiking. Na verdade, dias assim são excelentes para o hiking até a Cachoeira Braúnas, pois o caminho praticamente não existem árvores para refrescar do calor do sol.

Cerca de 3 horas e 40 minutos depois: a primeira vista do paraíso: Simplesmente sensacional!!

Os últimos 300 metros até a Cachoeira Braúnas são os mais difíceis! Pois trata-se de uma descida íngreme e recheada de cascalho, sendo necessário cuidado redobrado.

Enfim, chegamos!!

Abaixo um pequeno vídeo do paraíso, onde é possível apreciar sem moderação essa belíssima queda de cerca de 70 metros, refrescar com a água gelada e literalmente tomar banho de cachoeira.

Sobre a origem do nome “Cachoeira das Braúnas”, reza a lenda que havia um rapaz chamado Braúna, que morava no alto da serra, era tropeiro e gostava de tomar umas cachaças. Numa dessas, já bêbado, foi atravessar um rio cheio em companhia de sua mula. Primeiro ele mandou a mula, que com dificuldade conseguiu atravessar o rio. Vendo aquilo, achou que também era capaz e tentou atravessar, mas acabou sendo levado pela correnteza. A tropa que estava com ele passou a procurá-lo rio abaixo, mas não tiveram sucesso. No outro dia o encontraram não se sabe ao certo se morto ou vivo num poço, que então passou a ser chamado Poço do Braúna. Daí o nome desta bela e rara cachoeira”.

Permanecemos cerca de 40 minutos nesse belíssimo paraíso, onde apreciamos e desfrutamos de momentos inesquecíveis, tudo sem moderação.

Cachoeira das Braúnas, depois do hiking na Serra do Cipó

Infelizmente, hora de voltar, com mais 12 km pela mesma trilha, com a mesma beleza e com a certeza do dever cumprido, com direito a chuva rápida para refrescar, pois seriam mais 4 horas de caminhada. Nas próximas fotos, alguns momentos que registraram o nosso retorno.

Hora do Retorno!

Sempre-vivas no Parque Nacional Serra do Cipó
Hiking na Serra do Cipó

Ao final de um dia inteiro de intensas atividades e com a certeza do dever cumprido, o grupo de “sobreviventes” aproveitou para uma resenha regada a caldos, angú a baiana, e claro, brejas geladas no restaurante “Amigão”, mesmo ponto de apoio do café da manhã. 84 Km depois, no terminal JK, hora de voltar para casa, aguardando ansiosamente pela próxima aventura!!

Para mais informações sobre o Parque Nacional Serra do Cipó, clique AQUI.

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