Hoje. vamos compartilhar uma das atividades que mais gostamos de praticar: Hiking, mais especificamente no Parque Nacional Serra do Cipó, na minha opinião, a melhor maneira de mantermos contato com a natureza, seja através de uma caminhada por trilhas naturais, parques, reservas ou bosques, além, é claro, dos benefícios da prática de atividade física e da “fuga” do stress do dia-a-dia.
O programa do dia era ao mesmo tempo excitante e desafiador: caminhada de 24 km (12 km ida e 12 km volta), pelo Parque Nacional da Serra do Cipó, com destino à famosa Cachoeira Braúnas, considerada uma das mais belas de Minas Gerais e também pelo longo e difícil acesso.
Decidimos fazer o passeio pela empresa EcoPix – Trekking & Hiking, de Belo Horizonte, muito organizada, sob o comando de Roger Pixixo, muito experiente e profissional, que promove roteiros muito bem planejados e claro, com garantia de segurança.
As atividades tiveram início logo cedo num belíssimo sábado: 4 horas da manhã de pé, às 5 horas no Complexo Turístico JK, localizado no centro da cidade de Belo Horizonte, e “pé na estrada” rumo ao distrito de Altamira, pertencente à cidade de Nova União, localizado a cerca de 84 Km de Bh, numa rápida parada técnica para o café e organização dos últimos detalhes.
Localização:
Uma hora e quinze minutos depois, chegamos ao ponto de início do Hiking na Serra do Cipó, praticamente na entrada do Parque Nacional da Serra do Cipó, onde o nosso amigo-guia “Pix” nos repassou todas informações sobre a aventura que teria início.
Sempre é importante relembrar alguns cuidados a serem tomados pelos praticantes de Trekking, aos quais seguimos à risca:
Para Caminhar:
- Usar sempre camiseta de secagem rápida tipo Dry-Fit, imprescindível principalmente para dias muito quentes;
- Usar calça de poliamida, tactel ou semelhante, que são transpiráveis, também imprescindível (de preferência em cores mais escuras, por que suja bastante nos Trekking e Hiking);
- Roupa de banho, afinal de contas, o prêmio após 12 km de caminhada seria uma belíssima cachoeira;
- Tênis ou Bota amaciada, principalmente se a atividade for realizada em terremos acidentados;
- Óculos escuros;
- Chapéu ou Boné;
- Mochila;
- Apesar de ser sugerido um par de bastões de caminhada para garantir equilíbrio e estabilidade, reduzindo inclusive o impacto nas articulações e o sobrepeso dos membros inferiores, sentimos mais segurança e conforto com apenas um bastão;
- Protetor solar, repelente e protetor labial.
Para alimentação e hidratação, é de extrema importância os itens abaixo, afinal de contas, seriam 24 km ou 8 horas de caminhada:
- Água: recipientes suficientes para pelo menos 1 litro de água (neste hiking na Serra do Cipó, existem dois pontos de água potável. Entretanto, essencial o uso de Clorin na água, já que existe gados e outros animais na região, que podem contaminar a água com protozoários);
- Sanduíches, bolos ou pães;
- Frutas;
- Castanhas e frutas desidratadas;
- Biscoitos;
- Barra de Cereal/Proteína;
- Isotônico ou carboidrato em gel.
Outros itens indispensáveis para a caminhada:
- Máquina fotográfica, claro!!
- Lanterna e capa de chuva;
- Kit pessoal primeiros socorros;
- Material de higiene pessoal;
- Sacolinhas plásticas para trazer o lixo produzido.
A caminhada teve início às 9:00hs em ponto, com a previsão de chegada na Cachoeira Braúnas por volta das 13:00hs.
Para os marinheiros de primeira viagem, os primeiros 40 minutos são o primeiro desafio, pois trata-se de uma subida razoavelmente íngreme, mas com paisagens incríveis, lembrando que o nível de dificuldade é sempre muito subjetivo, pois depende do preparo físico e experiência de cada participante. Mas mesmo assim é importante dizer que esta trilha é considerada uma das mais difíceis do Estado.
Uma palavra resume bem o Parque Nacional da Serra do Cipó: Diversidade. Através de uma rápida pesquisa, é impressionante constatar que sua história tem início a 1.700 milhões de anos, onde é possível visualizar uma variedade infindável de rochas-calcárias, quartzitos, granitos e variedades de solos.
O relevo acidentado em alguns pontos do hiking foi um fator dificultador.
Durante a trilha, é possível também constatar que o Parque Nacional Serra do Cipó possui uma das floras mais diversas do planeta, com mais de 1700 espécies já registradas, sendo que vimos muitas Sempre-Vivas, ao longo do caminho, além de outras plantas belíssimas e outras de uso medicinal.
Após os primeiros 40 minutos de caminhada forte, parada para recuperar o fôlego, admirar as paisagens e tirar muitas fotos.
Após a placa do governo federal, importante ponto de referência da trilha, tem início uma nova fase da caminhada, com o terreno já mais plano, onde é possível admirar no horizonte a belíssima Cordilheira (ou Serra?) do Espinhaço, e inclusive visualizar outras trilhas e caminhos, como o Vale das Bandeirinhas.
“A serra do Espinhaço é uma cadeia montanhosa localizada no planalto Atlântico, estendendo-se pelos estados de Minas Gerais e Bahia. Seus terrenos são do Proterozoico e contêm jazidas de ferro, manganês, bauxita e ouro. Foi ao longo da serra do Espinhaço que a mineração, no período colonial se deu, principalmente.” (Wikipedia)
Antes da primeira parada, cerca de 1 hora de caminhada, nosso primeiro ponto com água potável para encher os recipientes. Outra dica: não esqueça de levar o “clorin”, ótimo para purificar a água de corredeiras e riachos, pois mata todos os protozoários e torna a água ideal para consumo.
Para admirar e tirar muitas fotos!!
Mesmo morando em Belo Horizonte há 30 anos, tão perto de lugares fantásticos como este, apenas durante a caminhada que tomei conhecimento que a Serra do Espinhaço (ou Cordilheira?) tem origem devido a um alemão, o geólogo “Ludwig von Eschwege”, que batizou o lugar com este nome numa referência explícita a sua pequena variação longitudinal na forma de uma espinha, numa linha quase reta, apontando Norte-Sul, Minas-Bahia, Ouro Branco-Xique-xique, com seus mais de 1000 km de características semelhantes e ao mesmo tempo singulares.
E o mais incrível: A “Cordilheira” ou “Serra do Espinhaço” é conhecida por alguns de seus trechos popularmente conhecidos, como a Serra do Cipó, Chapada Diamantina, Serra dos Cristais, Serra de Ouro Branco, Serra Geral e tantos outros.
Uma verdadeira aula de história, belezas naturais, e, claro, Educação Física!!
Uma hora e meia de caminhada depois, “pit stop” para hidratação, lanche e recarregar as energias, ao lado de uma das dezenas de belas corredeiras que nos fizeram companhia durante o trajeto. Dali é possível visualizar um pequeno riacho que abastece alguns pontos próximos da região.
Cerca de 20 minutos de descanso depois, hora de voltar ao batente, para mais 1 hora e 30 minutos de caminhada até o paraíso. Abaixo alguns vídeos que resumem bem a nossa atividade:
Continuando o trekking na Serra do Cipó com destino à Cachoeiras Braúnas.
Tivemos sorte, pois o céu estava limpo, às vezes nublado, no entanto com temperatura agradável, não sendo um empecilho para o hiking. Na verdade, dias assim são excelentes para o hiking até a Cachoeira Braúnas, pois o caminho praticamente não existem árvores para refrescar do calor do sol.
Cerca de 3 horas e 40 minutos depois: a primeira vista do paraíso: Simplesmente sensacional!!
Os últimos 300 metros até a Cachoeira Braúnas são os mais difíceis! Pois trata-se de uma descida íngreme e recheada de cascalho, sendo necessário cuidado redobrado.
Enfim, chegamos!!
Abaixo um pequeno vídeo do paraíso, onde é possível apreciar sem moderação essa belíssima queda de cerca de 70 metros, refrescar com a água gelada e literalmente tomar banho de cachoeira.
Sobre a origem do nome “Cachoeira das Braúnas”, reza a lenda que havia um rapaz chamado Braúna, que morava no alto da serra, era tropeiro e gostava de tomar umas cachaças. Numa dessas, já bêbado, foi atravessar um rio cheio em companhia de sua mula. Primeiro ele mandou a mula, que com dificuldade conseguiu atravessar o rio. Vendo aquilo, achou que também era capaz e tentou atravessar, mas acabou sendo levado pela correnteza. A tropa que estava com ele passou a procurá-lo rio abaixo, mas não tiveram sucesso. No outro dia o encontraram não se sabe ao certo se morto ou vivo num poço, que então passou a ser chamado Poço do Braúna. Daí o nome desta bela e rara cachoeira”.
Permanecemos cerca de 40 minutos nesse belíssimo paraíso, onde apreciamos e desfrutamos de momentos inesquecíveis, tudo sem moderação.
Infelizmente, hora de voltar, com mais 12 km pela mesma trilha, com a mesma beleza e com a certeza do dever cumprido, com direito a chuva rápida para refrescar, pois seriam mais 4 horas de caminhada. Nas próximas fotos, alguns momentos que registraram o nosso retorno.
Hora do Retorno!
Ao final de um dia inteiro de intensas atividades e com a certeza do dever cumprido, o grupo de “sobreviventes” aproveitou para uma resenha regada a caldos, angú a baiana, e claro, brejas geladas no restaurante “Amigão”, mesmo ponto de apoio do café da manhã. 84 Km depois, no terminal JK, hora de voltar para casa, aguardando ansiosamente pela próxima aventura!!
Para mais informações sobre o Parque Nacional Serra do Cipó, clique AQUI.