Como são os trens no Japão? Vale a pena comprar o JR Pass?

Quando comecei a planejar nossa viagem ao Japão, eu não tinha certeza se realmente valeria a pena comprar o JR Pass, já que ele é bem caro (quase 1/3 do valor que pagamos nas passagens de avião para cada).

Se você está começando a preparar uma viagem para o Japão por agora, saiba que infelizmente, utilizar os trens no Japão pode sair bem caro. E como eu utilizaria apenas 4 vezes o serviço ferroviário no Japão, eu não tinha certeza se financeiramente valeria a pena.

O que é o JR Pass

O JR Pass – Japão Rail Pass é um passe para uso ilimitado de viagens trem no Japão (nos períodos de 7, 14 ou 21 dias) concedido exclusivamente para turistas. Na verdade, fala-se em trem, mas além dos trens, também tem a previsão de viagens de ônibus e ferry da linha JR (veja abaixo todas as descrições).

O que está incluído no JR Pass

O JR Pass pode ser utilizado em todos os trens expressos limitados do Grupo JR, trens expressos, rápidos e locais, trens-bala Shinkansen, exceto NOZOMI e MIZUHO. Além disso, o JR Pass pode ser usado no monotrilho de Tóquio, na linha Yamanote; Narita Express do aeroporto de Narita para Tóquio.

JR Pass é válido em todas as linhas locais de ônibus JR. Entretanto, o Japan Rail Pass não é válido em rotas expressas de ônibus, independentemente de serem operadas pela JR Bus. Fique atento!

Você também pode utilizar seu JR Pass nos serviços de balsa JR-West Miyajima. Mas o ferry JR-Kyushu entre Hakata e Pusan ​​não está incluído.

Quem tem direito a adquirir o JR Pass

O JRPass é exclusivamente para turistas com visto “visitante temporário”, ou seja, com permanência de 15 ou 90 dias no Japão.

Ao chegar no Japão, a imigração coloca um adesivo (como se fosse o carimbo) com a permissão de entrada, e nele está escrito qual seu tipo de visto. Para você retirar o JR Pass, você vai precisar apresentar o voucher junto com seu passaporte, e eles vão checar se realmente você é um visitante temporário no Japão (com 15 ou 90 dias de permanência).

A partir de 2017, japoneses residentes fora do Japão por mais de 10 anos, se estiver nas condições relatadas no site, também pode fazer uso do passe.

Quanto custa o JR Pass

O JR Pass começa a valer a partir do primeiro dia de uso. Então, você deve observar quantos dias efetivamente utilizará o passe, que pode ser de 7, 14 ou 21 dias.

Eu comprei o JR Pass de 7 dias, levando em consideração que meu período de permanência no Japão era de 11 dias, sendo que os 4 primeiros dias eu estava em Tokyo e não utilizaria o passe. Então, quando ele começou a valer, depois do meu primeiro dia de uso. Então, foi exatamente os dias que precisava.

O valor do JRPass depende de quantos dias você necessita do passe (valores para o mês de abril/2019):

  • 07 dias: a partir de 260 dólares para adulto maior de 12 anos;
  • 14 dias: a partir de 414 dólares para adulto maior de 12 anos;
  • 21 dias: a partir de 530 dólares para adulto maior de 12 anos.

Veja os valores atualizados clicando aqui.

Como verificar o valor das passagens dos trechos separadamente

O próprio site do JR Pass calcula o valor das passagens separadamente, e você pode fazer isso clicando aqui. Os trechos que utilizei o Shinkansen, daria 52.130 JPY (em torno de 450 dólares). Quase 200 dólares de economia com o JR Pass.

Vale a pena comprar o JRPass

Sim! O valor das passagens separadamente é muito caro! Como falei acima, Os trechos que utilizei o Shinkansen dariam 52.130 JPY (em torno de 450 dólares). Quase 200 dólares de economia com o JR Pass, por pessoa.

Vale a pena comprar com agência no Brasil

Quando estava pesquisando, acabei cotando com algumas empresas que vendem. Mas pediram a apresentação do visto, e como ainda não tinha recebido, e estava com o tempo curto, preferi comprar diretamente pelo site da JR Pass. O preço também saiu mais em conta que na agência no Brasil. Mas em compensação, pagamos à vista.

Como comprar o JRPass na internet

Comprei pelo site da JR Pass, super seguro e não tive nenhum problema! Você paga uma taxa para envio do Voucher pela Feedex, junto com o pagamento do passe (que é feito via cartão de crédito). Logo que comprei, pouco depois já recebi um e-mail de confirmação e que meu passe tinha sido encaminhado para a Feedex. Comprei dia 18/04, pelo site, e no mesmo dia a Feedex recebeu a encomenda e informou que seria entregue dia 20/04. O que realmente foi. Então, os 3 dias úteis* realmente funcionam, com exceção de lugares onde o correio já tem, por si só, dificuldade de chegar.

JRPass recebido na Feedex
E-mail informando que o JRPass seria entregue pela Feedex naquele dia – prazo de 3 dias
Entrega do JRPass pela Feedex – prazo de 3 dias
Vouchers para retirada do JRPass

Como retirar o JR Pass no Japão

A única forma de retirar o JR Pass no Japão é levando o voucher que você receber fisicamente no seu endereço (não há possibilidade de enviar por e-mail, ou baixá-lo online), juntamente com seu passaporte. Fique atento para não perder, esquecer, etc… pois eles só entregam o JR Pass com o voucher que você recebeu (eu esqueci de tirar foto do voucher para compartilhar aqui, mas é como um voucher de hotel).

No e-mail que você receber, tem um link com os endereços dos escritórios de troca. Mas você pode realizar a troca em qualquer escritório da JR (o balcão chama Midori-no-Madoguchi, mas eu procurei por JR Pass mesmo). Eles estão espalhados pela maioria dos aeroportos japoneses, como Narita e Haneda. Você também pode encontrá-los em todas as principais estações de trem, localizadas em todo o país (retiramos o nosso em Mishima, depois que saímos de Kawaguchiko).

No momento em que for conferido seu passaporte, visto e voucher, eles vão te perguntar sobre o dia de ativação do seu passe (pode ser em no máximo 30 dias do dia da retirada do passe). Fique atento com esta data, pois o dia da ativação é exatamente o dia que você vai começar a usar. Se você fala que começará a usar amanhã, mas na verdade começa a usar depois de amanhã, você vai perder um dia do seu passe.

Como utilizar o JR Pass no Japão

Com o passe em mãos, toda vez que for utilizá-lo, apresente-o para o agente de controle de acesso, que geralmente fica em um guichê ao lado das catracas.

Sobre a questão de reserva de assentos, reservamos apenas no primeiro dia, logo que retirei o passe no escritório da JR.

Todos os demais dias não fizemos a reserva de assentos. Geralmente tem muito assento disponível, com exceção de feriados, período de férias, etc. Quando você localiza a plataforma, observará a informação dos vagões que não necessitam de reserva de assentos. Então, só se posicionar em frente a porta que dá acesso ao vagão, esperar o desembarque, entrar e localizar um assento disponível.

Mas para quem deseja reservar assento gratuitamente, pode fazer três reservas ao mesmo tempo. E na medida que for utilizando, você pode realizar novas reservas de assentos.

Veja a imagem abaixo:

Plataforma de embarque no Shinkansen, trem bala no Japão

Como localizar a partida do trem

Utilizei o aplicativo da Hyperdia, que você só consegue baixar pela Apple Store americana. Eu tive que converter o meu Apple Store para a loja americana, baixei o app, e depois voltei para a loja brasileira.

Então, quando queria pesquisar o horário do trem, digitava a rota e localizava os dados do Shinkansen como na tela abaixo.

Observe os seguintes dados: número da plataforma de partida (Dep. Track nº 13), horário de partida e chegada, além do nome e número do Shinkansen (no caso Hikari 491). São os dados que você deve ficar atento.

Mas pelo site da Hyperdia, você consegue também ver estas informações.

Ao chegar na plataforma, observe na placa quais os vagões sem reserva de assento (ou se você tiver assento reservado, confira o vagão, pode ficar no chão, ou em placa suspensa), e então é só aguardar na fila.

Plataforma de embarque no Shinkansen, trem bala no Japão
Informativo do número do vagão na Plataforma de embarque de Shinkansen, no Japão

Observe o formato da fila! Os japoneses são muito educados! Não faça feio! 🙂

Plataforma de embarque no Shinkansen, trem bala no Japão

Outra dica importante: eu sempre coloco o trajeto do trem no Google Maps, e vou acompanhando, via GPS, a localização do trem no mapa. Apesar de toda cidade de desembarque ser informado no interior do vagão (um letreiro bem acima da porta), eu gosto de ir me preparando para descer quando vejo que já está quase chegando.

Google Maps para acompanhar o deslocamento do Shinkansen no Japão

Como é o Shinkansen

O Shinkansen é o nome do trem bala no Japão. Em todos os dias que andamos, ele chegou no máximo a 245 Km/h. Na China, a velocidade do Maglev foi bem acima de 245km/h.

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Os assentos possuem um bom espaço do assento da frente. Como estávamos apenas com mala de mão, utilizei este espaço para colocar as minhas coisas, inclusive a mala de mão. Mas também pode ser colocada na parte superior dos assentos, ou atrás dos últimos assentos do vagão:

Tem um serviço muito bacana no Japão, que inclusive uma amiga que viajou com uma criança pequena utilizou muito durante a sua viagem. Chama “Hands Free” e é um serviço que você encaminha sua bagagem do aeroporto para o hotel, do hotel para outra cidade… e tudo com comodidade e segurança. Eu não utilizei e não posso dizer mais detalhes. Mas a Mi aprovou!

Na mesa de frente ao seu assento, você verifica umas informações muito úteis, que nem precisa saber japonês para entender. Eles mostram o serviço disponível no vagão que você está, além dos vagões de trás e da frente.

Informações na mesa do assento no Shinkansen

No Shinkansen, há também o serviço de bordo, com a venda de produtos aos viajantes.

Observe se nenhum item pessoal está incomodando outros viajantes. Eles são muito educados, e seria muito bacana se todos os turistas também agissem assim.

Quando deixar seu assento, volte-o para a posição normal, e retire seu lixo. Lembre-se de deixar seu assento da mesma forma que o recebeu. Tenho certeza de que você o receberá de forma impecável.

Se tem alguma dica, ou outra informação que não falei aqui, compartilhe conosco nos comentários! Será muito bem-vindo! É excelente quando há trocas de informações aqui no Blog. Eu fico muito feliz! 🙂

Bate-volta em Hiroshima e Miyajima

Hiroshima sofreu por longos anos as consequências de uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial e se tornou exemplo de superação. Já Miyajima, uma ilha sagrada, abriga o famoso Torii flutuante. Neste post, veja como visitar Hiroshima e Miyajima em um dia.

Nesta última viagem pela Ásia, onde visitamos o Japão, Singapura e Malásia, um dos lugares que eu estava mais ansiosa para conhecer era Hiroshima, no Japão. Acho muito difícil alguém que não saiba dos acontecimentos das cidades de Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial. E devido ao nosso curto tempo de viagem pelo país, e graças à proximidade entre as cidades, conseguimos visitar Hiroshima e Miyajima em um único dia.

Só a possibilidade de ver de perto o progresso e recuperação da cidade depois da bomba atômica, já valeu o dia da viagem! Eu sempre soube da lamentável história da Bomba de Hiroshima e Nagasaki, mas não sabia do seu poder de superação em curto espaço de tempo.

Mas para quem tiver mais tempo no Japão, vale muito a pena (pelo menos) pernoitar em Hiroshima, ou se possível, ficar três dias em Hiroshima e aproveitar para passar um dos dias na Ilha de Miyajima. Isso seria perfeito!

Breve Histórico sobre a bomba atômica em Hiroshima

A Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, era composta pelos países do eixo (Alemanha, Japão e Itália) e os países aliados (União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e China). A partir de 1939, os Estados Unidos, em conjunto com Reino Unido e o Canadá, começaram as pesquisas sobre uma bomba atômica que seria lançada contra a Alemanha e/ou Japão.

Réplica da Little Boy. Fonte: Wikipedia

Entretanto, com a saída da Alemanha da Segunda Guerra Mundial, em junho de 1945, vendo que o Japão não se renderia, os Estados Unidos decidiram colocar em prática o chamado Projeto Manhattan, que tinha como principal objetivo a construção de material atômico de destruição. Então, a bomba atômica que destruiu Hiroshima, conhecida como Little Boy, foi construída a base de urânio-235, o que fazia com que a mesma fosse um poderoso armamento nuclear.

Hiroshima foi escolhida para ser alvo da Bomba Atômica pelo fato de ser uma importante cidade industrial e militar. Entretanto, mais de 80% da cidade era composta de civis. Por outro lado, os Estados Unidos acreditavam que Hiroshima não mantinha nenhum prisioneiro de Guerra americano na cidade.

Enola Gay e sua equipe. Fonte: Wikipedia

Em um primeiro momento, Hiroshima era o principal alvo dos Estados Unidos, e subsidiariamente, as cidades de Kokura e Nagasaki.

Em 06 de agosto de 1945, um avião B-29, o Enola Gay, decolou com destino a Hiroshima. E às 08:15h, lançou a “Little Boy”, contendo 64kg de Urânio-235, no alvo previamente determinado.

Depois de lançada, “Little Boy” demorou 44,4 segundos para ser detonada a uma distância de 240m do solo, e diante do vento cruzado, explodiu diretamente sobre um hospital.

Apesar da bomba atômica ter sido considerada ineficiente, por ter atingido 1,7% do que era esperado, seu raio de destruição foi de 1,6km, com incêndios subsequentes em 11km², matou cerca de 140 mil pessoas até o final de 1945, e deixou milhares de feridos. Ineficiente????

Que tristeza! Mais de 140 mil pessoas mortas (instantaneamente ou com os efeitos da radiação), sendo que 30% deste número se tratava de soldados, e os demais eram civis que nada tinham a ver com aquela miserável guerra.

Imagem encontrada na Escola Fundamental de Honkawa em 2013 da nuvem atômica. Fonte: Wikipedia

Sobreviventes da Bomba Atômica em Hiroshima alegam ter visto apenas um forte clarão branco no céu seguido de um alto estrondo. Vidros quebrando, paredes caindo, madeiras e papéis sendo queimados em fração de segundos… Hiroshima era literalmente devastada pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial 🙁

As fotos do slide abaixo podem ser perturbadoras, pois mostram alguns dos feridos de Hiroshima depois da bomba atômica:

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Se quiser entender um pouco mais sobre este triste episódio da história do Japão, abaixo há um documentário sobre a bomba de Hiroshima. Recomendo muito que assistam todo o vídeo antes da viagem. Dá para entender tudo o que aconteceu antes, durante e depois da detonação da bomba.

Apesar desta parte triste da história, Hiroshima reergueu-se de maneira triunfal. Você só vai lembrar que está em uma cidade que foi detonada por uma bomba atômica, quando ver a Cúpula da Bomba Atômica, que é o único edifício sobrevivente que restou próximo ao local da detonação.

Hiroshima foi reconstruída após a guerra com a ajuda do governo nacional através da Lei de Construção do Memorial da Paz de Hiroshima, em 1949. Ela fornecia assistência financeira para a reconstrução, juntamente com terrenos doados que pertenciam previamente ao governo e eram usados para propósitos militares (Wikipedia).

Como chegar em Hiroshima a partir de Kyoto:

A primeira dica é ir o mais cedo possível. Como estávamos em Kyoto,  e adquirimos o Japan Rail Pass, saímos bem cedo com direção à estação de Kyoto (olhamos, pelo aplicativo Hyperdia, qual era o horário do trem mais próximo).

Partimos às 07:20am de Kyoto e o trajeto de trem bala (Shinkansen) até Hiroshima durou quase duas horas. E eu particularmente achei uma viagem belíssima! Observei todos os cantinhos pelos quais passava no trajeto, e quando vi, já estava na hora de desembarcar em Hiroshima.

Chegando em Hiroshima, perguntamos aonde era a estação de ônibus (Hiroshima Bus Station) e um senhorzinho nos levou até o local de onde pudéssemos ver a estação – sou apaixonada pela educação e prestatividade dos Japoneses.

De lá, pegamos o ônibus 25 (em torno de 180 ienes), e fui acompanhando pelo Google Maps o local que deveríamos descer, que era o “Genbaku Dome Zen Bus Stop”. Em 15 minutos, já estávamos em frente ao Memorial da Paz.

Mesmo saindo de Kyoto às 07:20am, chegamos no Memorial da Paz de Hiroshima um pouco mais das 10am. Infelizmente estava tudo cronometrado para conseguirmos visitar os pontos ligados a bomba de Hiroshima, e depois seguir para Miyajima. Mas ficou tanta coisa que eu não consegui visitar na cidade, como o Castelo de Hiroshima, que é belíssimo!

Parque Memorial da Paz de Hiroshima

O Parque Memorial da Paz de Hiroshima foi construído em uma área de 120.000m² cheia de árvores, gramados e flores. Antes da bomba, o local era o centro político e comercial da cidade, um dos motivos da escolha do local.

No Parque Memorial da Paz de Hiroshima, você verá principalmente:

  • Hiroshima Peace Memorial ou A-Bomb Dome (Memorial da Paz de Hiroshima ou Cúpula da Bomba Atômica)
  • Children´s Peace Monument (Monumento da Paz das Crianças)
  • Rest House (Casa de Descanso)
  • Cenotaph for the A-Bomb Victims (Cenotáfio para as vítimas da bomba atômica)
  • Hiroshima Peace Memorial Museum (Museu do Memorial da Paz de Hiroshima)

Começamos a visita pelo Memorial da Paz de Hiroshima, ou como também é conhecido “Cúpula da Bomba Atômica“.

Cúpula da Bomba Atômica
Cúpula da Bomba Atômica

Antes de tudo, é preciso entender a diferença entre epicentro e hipocentro. O hipocentro de uma explosão é o ponto exato de onde ela se originou (de onde a energia acumulada foi liberada), enquanto o epicentro é a manifestação dela na superfície.

Hipocentro da Bomba Atômica de Hiroshima
Alcance da Bomba Atômica em Hiroshima

Memorial da Paz de Hiroshima (Cúpula da Bomba Atômica)

O “Domo da Bomba Atômica”, ou Cúpula da Bomba Atômica (Genbaku Dome) foi a única construção sobrevivente mais próxima do local do hipocentro (a apenas 160m). Na época, o edifício, de 1915, era o Saguão de Promoção Industrial da Prefeitura de Hiroshima.

Apesar da Cúpula da Bomba Atômica não ter colapsado, todas as pessoas que estavam em seu interior morreram imediatamente. Do edifício, restaram apenas as paredes de concreto e a cúpula de aço. Mais tarde, foi decidido que a área não seria reconstruída, mas sim dedicada a instalações de memorial da paz.

Memorial da Paz de Hiroshima

Mas você deve estar pensando: qual o motivo de manter a Cúpula da Bomba Atômica, já que foi um momento de extrema dor para Hiroshima?

O motivo de manter a cúpula é exatamente para lembrar do sofrimento causado pela bomba, além de simbolizar a luta para acabar com bombas, armas nucleares, e assim, conseguirmos trazer a paz mundial.

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Em 1996, o Memorial da Paz de Hiroshima foi declarado como Patrimônio Mundial da Unesco, apesar de algumas contestações. A China alegava que o memorial poderia ser utilizado como uma forma de minimizar o sofrimento dos países que foram vítimas do Japão durante a Guerra. E os Estados Unidos também questionaram o fato de que o memorial poderia “camuflar” a realidade dos fatos históricos.

Memorial da Paz de Hiroshima

Rest House (Casa de Descanso)

Anteriormente, por volta de 1929, a Casa de Descanso funcionava como uma Loja de Kimonos. Entretanto, na época do bombardeio, já funcionava uma casa de repouso que, infelizmente, teve 36 mortos em seu interior e apenas um sobrevivente. O homem de 47 anos, que estava no porão da casa, somente sobreviveu pelo fato de que o teto de concreto agiu como uma barreira para a radiação.

Rest House (Casa de Repouso) em Hiroshima

Caso tenha interesse em visitar o porão da Casa de Repouso, você deve realizar seu registro na recepção do prédio.

Children´s Peace Monument (Monumento de Paz das Crianças)

O Monumento de Paz das Crianças foi construído para homenagear Sadako Sasaki e as outras milhares de crianças vítimas da Bomba Atômica.

Memorial de Paz das Crianças
Sadako Sasaki, via Wikipedia

A história de Sadako Sasaki ficou mundialmente conhecida pelo fato de que a mesma tinha apenas dois anos quando a bomba foi detonada. Apesar de ter sido exposta a uma grande quantidade de radiação, Sadako não morreu no momento da detonação. Depois de dez anos, Sadako desenvolveu leucemia.

Enquanto estava internada, Sadako começou a dobrar inúmeros Tsurus (ave sagrada que simboliza paz, saúde, fortuna). No Japão, há uma lenda de que se a pessoa dobrar mil Tsurus, ela terá um desejo realizado. Então, Sadako conseguiu atingir sua meta, e dobrou ao todo 1300 Tsurus até a sua morte. No Museu Memorial da Paz de Hiroshima, há a exibição de alguns deles, e um breve relato de sua história (veja mais abaixo no item que falo sobre o Museu).

No topo do monumento construído em sua homenagem e às vítimas da bomba, há a estátua de Sadako segurando um Tsuru, e no pé da estátua se lê: “Este é o nosso choro. Esta é a nossa oração. Paz no mundo.”

Até hoje as pessoas continuam fazendo Tsurus e deixando na base da estátua.

Ganhei um Tsuru de um atendente do Museu Memorial da Paz de Hiroshima, que carinhosamente trouxe com muito cuidado do Japão.

Cenotáfio Memorial

Localizado no centro do Parque Memorial da Paz de Hiroshima há um outro memorial a todas as vítimas da Bomba Atômica. Trata-se de um arco que representa um abrigo para todas as almas do bombardeio, e está alinhado com a Chama da Paz e o Memorial da Paz.

O nome de mais de 290 mil vítimas da bomba estão gravados na pedra central do memorial.

Cenotáfio Memorial, em Hiroshima

Nele, ainda há a inscrição 安らかに眠って下さい 過ちは 繰返しませぬから, que significa “Descansai em paz, pois o erro jamais se repetirá”.

Belíssimo e significativo, mas triste. Muito triste.

Chama da Paz 

A chama da paz foi acesa em 1964, com a esperança de um mundo sem armas nucleares. Ela permanece acesa desde então, e assim continuará até que as armas nucleares sejam abolidas em todo o mundo.

Observe o pedestal da chama que foi projetado para simbolizar a imagem de duas mãos pressionadas e voltadas para o céu.

Chama da Paz, Hiroshima

Museu Memorial da Paz de Hiroshima

O museu, assim como todos os memoriais do Parque Memorial da Paz de Hiroshima, tem o objetivo de homenagear as vítimas, além de reforçar os danos das armas nucleares para o mundo.

Museu do Memorial da Paz de Hiroshima

Nele existe um acervo que conta a história detalhada da Bomba de Hiroshima, mais precisamente sobre o dia 06 de agosto. Há muitos pertences de vítimas 🙁

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Funcionamento do Museu: todos os dias, com exceção do dia 30 e 31 de dezembro, das 08:30am às 6pm (em Agosto, até as 7pm, e de dezembro a fevereiro, até as 5pm). É possível entrar somente até 30 minutos antes do fechamento.

Ticket: 200 ienes

Ground Zero (ou Marco Zero ou Hipocentro)

A 160m da Cúpula da Bomba Atômica está localizado o Marco Zero, o local considerado o ponto abaixo da detonação da bomba de Hiroshima. O endereço do local é “Hiroshima Atomic Bomb Hypocenter”, 1 Chome-5-25 Otemachi, Naka Ward, Hiroshima.

Marco Zero Bomba de Hiroshima
Marco Zero Bomba de Hiroshima

Bem, não preciso nem dizer que é um lugar muito triste para ser visitado. Mas acho necessário! Necessário para a gente lembrar que, infelizmente, existiu, e para desejar que nunca mais volte a acontecer.

Seguindo para Miyajima de Hiroshima

Quando defini que visitaria Hiroshima e Miyajima em um mesmo dia, eu tinha ciência de que seria muito corrido, e que algumas atrações não seriam visitadas. Mas nosso objetivo era visitar o Memorial da Paz de Hiroshima e, depois, finalizar desvinculando da energia negativa na ilha zen de Miyajima, mais especificamente no Santuário Itsukushima.

Torii Flutuante em Miyajima

Já passava das 1pm quando seguimos para Miyajima. E foi aí que eu senti a necessidade de, pelo menos, pernoitar em Hiroshima. Assim, ficaria um dia inteiro em Hiroshima, e outro em Miyajima. Mas era o que os meus dias permitiam, e eu voltaria satisfeita para casa por ter conseguido visitar o Memorial e o Santuário Itsukushima.

Como chegar em Miyajima a partir de Hiroshima

A melhor forma para chegar em Miyajima é utilizando trem, pela Sanyo Line (cinza), que também pode ser utilizado com o JR Pass. Em menos de meia hora, você estará na “Miyajimaguchi Station”, e de lá, pegue a balsa JR (mostre o JR Pass para utilizá-la gratuitamente) e em 10 minutos você estará desembarcando na ilha.

Balsa para Miyajima

Você pode até ficar tentado em ir pelo bonde 2 (linha vermelha) que também possui o destino à Miyajima, e o ponto é em frente ao Memorial. Mas é um percurso extremamente lento e pode atrasar ainda mais o seu dia.

Tem um barco que também realiza o passeio a partir do Parque Memorial da Paz de Hiroshima, em um trajeto de 45 min direto para Miyajima. Entretanto, o JR Pass não é válido para este meio.

O Santuário Itsukushima

A ilha de Miyajima é bastante popular entre os turistas que visitam o Japão, devido ao Santuário Itsukushima, que, junto com o grande Torii parecem flutuar sobre as águas de mar.

O Santuário, assim como Torii, foram construídos no chão, em 593, mas quando a maré está alta, ambos parecem flutuar. O ideal para quem tiver mais dias no país, é chegar a tempo de ver a maré baixa, e depois com a maré alta.

Quando fomos, acompanhei a tábua da maré (para consultar a maré no Santuário, clique AQUI) e vi que na parte da tarde, mais no finalzinho do dia, o Torii já estaria “flutuando”. Então fomos de manhã para Hiroshima, e na parte da tarde para Miyajima.

Chegando na Ilha já tivemos uma maravilhosa impressão do que é este lugar:

Realmente é uma paisagem impressionante, e valeu todo o esforço para visitá-lo.

Torii Flutuante, em Miyajima

Logo que desembarcamos no Porto de Miyajima, já vimos diversos veados passeando naturalmente entre os turistas. Pelo que li e vi antes, a Ilha é um verdadeiro paraíso, com muitas plantas exóticas, fontes termais, além de milhares de peixes e aves.

Veados “domesticados” em Miyajima

De lá, fomos contornando à direita do porto, e logo nos vimos bem próximo do Torii (o Grande Portal do Santuário Itsukushima). Quanto mais nos aproximávamos, mais impressionados com a energia do local ficávamos.

Chegando ao Torii Flutuando em Miyajima

O Santuário Itsukushima é um santuário xintoísta que cultua três deusas da religião, e acredita-se que elas habitam o interior o Santuário. Em 1996, ele foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco, foi considerado um dos lugares mais belos do Japão, e ocupa espaço nos cartões postais do país.

Já o Torii foi construído apenas em 1875, com 16 metros de altura por 24 metros de largura, é o maior portal de madeira do mundo. Diz a lenda que, quem passar pelo Torii terá uma vida próspera e feliz.

Torii Flutuante de Miyajima

Na foto abaixo, a maré estava alta o suficiente apenas para cobrir a base do Torii, assim, o Santuário Itsukushima ainda não parecia flutuar.

Infelizmente, o tempo começou a fechar com uma ameaça de forte chuva. Como a gente tinha que pegar a balsa ainda para o porto Miyajimaguchi, depois o trem para a estação de Hiroshima, e por fim, o Shinkansen para Kyoto, ficamos receosos de que qualquer atraso em razão da chuva culminasse na perda do trem. Então, tomamos a triste decisão de não visitar o interior do Santuário.

Antes de seguir para o porto, uma breve passada na vila ao lado do Santuário de Itsujushima só para ter a certeza de que quero voltar!

Miyajima

E depois disso, começou a chover e senti muito frio para atravessar na Balsa. Chegamos a tempo para pegar o Shinkansen na estação de Hiroshima, e logo logo chegamos em Kyoto (com tempo suficiente para curtir um pouco do Pontocho).

Post-índice do Japão

Compartilho o post-índice do Japão, separados por cidade, onde ficar, o que fazer e o que comer

Para facilitar a localização dos posts com as dicas do Japão, fiz este post-índice com todas as matérias que já foram publicadas, e a medida que for publicando outras, atualizo nos títulos abaixo.

Japão

Tóquio

Kawaguchiko: 

Kyoto:

  • Onde ficar em Kyoto (Hotel em Kyoto)
  • O que fazem em Kyoto (Pontos Turísticos em Kyoto)
  • Onde comer em Kyoto
  • Onde ver Gueixas em Kyoto

Hiroshima:

  • Bate-volta em Hiroshima
  • O que fazer em Hiroshima

Miyajima

  • Bate-volta Miyajima
  • O que fazer em Miyajima

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